Países onde o futebol feminino vem ganhando espaço e respeito em todo o mundo, quebrando barreiras e superando antigos estigmas. Com o aumento do interesse do público, investimentos consistentes e o talento inquestionável das jogadoras, diversas nações estão emergindo como protagonistas nessa transformação esportiva. Iremos destacar 10 países onde o futebol feminino está em plena ascensão, com base em fatores como estrutura, visibilidade, desempenho em competições internacionais e apoio institucional.
O futebol feminino vive uma das fases mais promissoras de sua história. Ao longo das últimas décadas, os países com essa modalidade passou por transformações profundas, deixando para trás o cenário de invisibilidade e preconceito para assumir um lugar de crescente destaque no universo esportivo global. Seja pelos resultados expressivos em competições internacionais, pela profissionalização das ligas ou pelo surgimento de atletas carismáticas que se tornaram símbolos de empoderamento, o futebol feminino se fortaleceu como movimento e como espetáculo.
Esse crescimento, no entanto, não acontece de maneira uniforme. Alguns países se destacam mais que outros por conta de investimentos estratégicos, políticas públicas voltadas ao esporte, estruturação de categorias de base e engajamento de suas federações e clubes. Em muitos desses lugares, o futebol feminino passou a ocupar espaços antes dominados exclusivamente pelo masculino, ganhando torcidas apaixonadas, cobertura midiática e apoio comercial.
Ao entender o cenário dessas potências emergentes, é possível perceber nos países como o futebol feminino está redesenhando o futuro do esporte global, com mais inclusão, mais protagonismo feminino e muito mais qualidade dentro de campo.

O fortalecimento do futebol feminino em diferentes países tem relação direta com investimentos estratégicos, políticas públicas eficientes e visão de longo prazo. À medida que a modalidade cresce no cenário global, mais países passam a enxergar o futebol praticado por mulheres como uma prioridade esportiva e social. A seguir, destacamos como diferentes países têm estruturado suas ações para impulsionar o desenvolvimento feminino no futebol, servindo de exemplo para o mundo.
Este artigo apresenta 10 países onde o futebol feminino está em ascensão, oferecendo uma visão detalhada sobre como essas nações estão construindo modelos sustentáveis de crescimento para a modalidade. Os critérios para esta seleção incluem o desempenho das seleções nacionais, o desenvolvimento das ligas locais, o apoio institucional, a formação de atletas e o impacto cultural gerado pelo avanço do futebol praticado por mulheres.
1. Brasil: Um Novo Ciclo de Evolução e Investimento
O crescimento estrutural e a força das categorias de base
Nos últimos anos, países como o Brasil vem adotando políticas mais eficazes para fomentar o futebol feminino. Com a obrigatoriedade imposta pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que os clubes mantenham equipes femininas, houve um salto significativo no número de projetos profissionais.
Clubes como Corinthians, Palmeiras e Ferroviária têm sido referências em organização e títulos, tanto nacionais quanto continentais. Além disso, o Campeonato Brasileiro Feminino vem ganhando força, com transmissões mais frequentes e maior visibilidade midiática.
Programas sociais e formação de novas atletas
O estímulo à base também cresceu, com escolinhas, centros de treinamento e torneios locais voltados exclusivamente para meninas. Projetos sociais como o “Meninas em Campo” ajudam a ampliar o acesso e descobrir talentos em regiões antes esquecidas.
2. Estados Unidos: O Modelo de Excelência Mundial
Domínio esportivo e cultural

Em países como os Estados Unidos são uma referência global no futebol feminino. Desde os anos 1990, o país construiu um sistema robusto de formação, combinando excelência esportiva com apoio universitário por meio do NCAA. Isso garante um fluxo constante de novas atletas altamente preparadas.
A força da NWSL
A National Women’s Soccer League (NWSL) é a principal liga do país e uma das mais competitivas do mundo. Além das estrelas locais, ela atrai talentos internacionais e conta com grande presença de público e cobertura televisiva, sendo um exemplo de como gerir o futebol feminino com sucesso.
3. Inglaterra: A Revolução da Super Liga Feminina
Investimento em estrutura e visibilidade
Nos últimos cinco anos, países como a Inglaterra tem sido palco de uma verdadeira revolução no futebol feminino. A FA Women’s Super League (WSL) tornou-se profissional, com os principais clubes como Chelsea, Arsenal e Manchester City apostando fortemente em suas equipes femininas.
Integração com clubes de elite e engajamento da torcida
Esses clubes utilizam suas estruturas e marcas para fortalecer o futebol feminino, o que aumentou o engajamento da torcida. Transmissões em plataformas abertas e campanhas específicas elevaram o status das competições locais, tornando a Inglaterra, como um dos países líderes no desenvolvimento do esporte.
4. Espanha: Barcelona Como Símbolo de Mudança
Domínio em campo e impacto fora dele
O Barcelona feminino transformou-se em um símbolo de excelência no futebol europeu. A equipe venceu Champions League, campeonatos nacionais e bateu recordes de público em jogos realizados no Camp Nou, mostrando a força da modalidade.
Desenvolvimento em todo o território
Além do sucesso do Barça, a liga espanhola se profissionalizou e passou a contar com investimento direto da federação e de patrocinadores. Outras equipes, como Atlético de Madrid e Real Madrid, também começaram a construir bases sólidas para o futebol feminino.
5. França: A Escola de Formação e o Sucesso do Lyon
Lyon e PSG como potências do continente
Países como a França é conhecida por seu foco no alto rendimento e na formação de atletas de elite. O Olympique Lyonnais, por exemplo, é um dos maiores vencedores da UEFA Women’s Champions League, com títulos conquistados com autoridade e futebol de alto nível.
Formação, organização e apoio governamental
A Federação Francesa de Futebol (FFF) oferece apoio técnico e financeiro para categorias de base, além de programas de formação de treinadoras. O governo francês também tem sido um parceiro ativo no desenvolvimento esportivo de meninas e mulheres.
6. Austrália: Estratégia e Sustentabilidade no Futebol Feminino
Preparação para grandes eventos
O futebol feminino na Austrália vive um momento importante. Após sediar a Copa do Mundo Feminina da FIFA em 2023, o país viu um aumento expressivo na visibilidade da modalidade e no número de jovens interessadas em jogar.
Fortalecimento da A-League Women
A liga local, A-League Women, é uma plataforma para o crescimento de jogadoras e um elo importante entre a base e a elite. Clubes apostam em infraestrutura e parcerias com escolas para desenvolver talentos em diversas regiões do país.
7. Nigéria: A Potência do Futebol Feminino Africano
Força continental e tradição
Países como a Nigéria é a maior força do futebol feminino no continente africano. Com diversas conquistas na Copa Africana de Nações, a seleção feminina nigeriana é exemplo de talento e superação, apesar das limitações estruturais do país.
Desafios e evolução constante
Embora ainda enfrente desafios em infraestrutura e financiamento, o futebol feminino nigeriano vem recebendo mais atenção da federação nacional, com investimentos em centros de treinamento e na liga local.
8. Japão: Técnica, Disciplina e Desenvolvimento Coletivo
Campeãs do mundo com identidade própria
Países como o Japão surpreendeu o mundo ao conquistar a Copa do Mundo Feminina de 2011, mostrando um futebol técnico, disciplinado e coletivo. Esse estilo continua sendo referência e influencia todo o sistema de formação do país.
WE League e avanços sociais
Com a criação da WE League (Women Empowerment League), o Japão busca não só fortalecer a liga local, mas também usar o esporte como ferramenta de igualdade de gênero. Empresas e escolas participam ativamente na promoção da modalidade.
Técnica, Disciplina e Desenvolvimento Coletivo — Um dos Países Mais Estruturados da Ásia no Futebol Feminino
Entre os países asiáticos que mais se destacam no cenário do futebol feminino, o Japão ocupa uma posição de liderança inquestionável. Sua trajetória combina uma base sólida de disciplina esportiva, investimento educacional e valorização do trabalho em equipe, características que o diferenciam de muitos outros países em desenvolvimento esportivo. Ao longo das últimas duas décadas, o Japão mostrou ao mundo como planejamento e cultura esportiva podem gerar conquistas de alto nível, mesmo sem os orçamentos milionários vistos em outras partes do planeta.
Ao contrário de alguns países onde o talento individual é supervalorizado, o modelo japonês privilegia o coletivo desde a formação nas escolas. Isso significa que meninas começam a praticar futebol em ambiente escolar altamente estruturado, com foco não apenas em habilidades técnicas, mas também em valores como cooperação, disciplina e resiliência. Esse modelo se tornou referência para outros países asiáticos, como Coreia do Sul e China, que passaram a replicar métodos japoneses em seus programas nacionais.
O ápice desse investimento foi a conquista da Copa do Mundo Feminina da FIFA em 2011, quando o Japão superou potências tradicionais como Estados Unidos e Alemanha, países com muito mais tradição, infraestrutura e reconhecimento no futebol feminino. Essa vitória não foi fruto do acaso, mas sim o reflexo de uma política esportiva coordenada entre escolas, federação e clubes, algo que poucos países conseguem alcançar com tamanha harmonia.
9. Canadá: Regularidade e Planejamento no Alto Nível
Tradição olímpica e resultados expressivos
Países como o Canadá tem se mantido entre as principais potências do futebol feminino, com presença constante em semifinais de grandes competições. A medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021 reforçou esse protagonismo.
Plano para uma liga própria
Atualmente, o país planeja lançar sua própria liga profissional, buscando garantir que as jogadoras tenham uma estrutura de elite também dentro do território canadense. Até então, muitas atletas migravam para os Estados Unidos ou Europa.
10. Argentina: O Despertar de um Gigante Sul-Americano
Mudanças recentes e resultados promissores
Países como a Argentina iniciou um processo de profissionalização da liga feminina em 2019. Desde então, clubes como Boca Juniors e River Plate vêm investindo em suas equipes e dando visibilidade às jogadoras.
Combate ao preconceito e empoderamento feminino
As atletas argentinas também se destacam por sua atuação fora de campo, cobrando igualdade, melhores condições de trabalho e respeito institucional. Faz parte de países, onde engajamento social se tornou parte do movimento de crescimento do futebol feminino.
Durante muito tempo, a Argentina foi lembrada quase exclusivamente pelas glórias do futebol masculino, Maradona, Messi, as Copas do Mundo e a paixão arrebatadora das arquibancadas. Mas, discretamente, uma revolução silenciosa começou a ganhar forma no país: o fortalecimento do futebol feminino argentino. O que antes era visto como um esporte periférico passou, nos últimos anos, a ocupar um lugar central no debate esportivo e cultural do país.
O marco mais simbólico dessa virada aconteceu em 2019, quando a Associação de Futebol Argentino (AFA) profissionalizou oficialmente o futebol feminino. Esse movimento foi impulsionado, em parte, por pressão de atletas, jornalistas e movimentos sociais que vinham denunciando o abismo entre os gêneros no futebol nacional. A partir dessa conquista, os clubes da primeira divisão passaram a oferecer contratos profissionais para, no mínimo, oito jogadoras por equipe, um passo simbólico, mas decisivo.
A mudança teve efeitos visíveis. Clubes tradicionais como Boca Juniors, River Plate, San Lorenzo e Racing investiram mais em suas estruturas femininas. As condições de treino, uniformes, acesso a fisioterapia e campos de qualidade melhoraram. Além disso, transmissões pela TV e streaming começaram a mostrar os jogos da liga feminina, ampliando a visibilidade das jogadoras e trazendo novos torcedores.
“Quando Ela Tocou na Bola: Uma História de Futebol Feminino, Coragem e Mudança”
O som da bola quicando no chão de terra batida era como música para os ouvidos de Ana. Aos oito anos, ela nem sabia ainda o que era um impedimento, uma formação tática ou uma chuteira profissional. Tudo o que ela sabia era que queria jogar. Jogar com os meninos da rua. Jogar com as traves de chinelo no fim da rua. Jogar, mesmo que dissessem que futebol não era para menina.
Na pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde Ana nasceu, futebol feminino era mais uma expressão de esperança do que uma realidade concreta. Não havia times organizados, nem escolinhas específicas, muito menos campeonatos locais. O futebol ali era um campo dominado pelos meninos, até que Ana chegou.
Ela usava chinelo, camisa surrada do Cruzeiro herdada do irmão e um olhar determinado que assustava até os meninos mais velhos. No começo, riam dela. Diziam que ela não aguentaria nem cinco minutos. Mas Ana era teimosa. E quando tocou na bola pela primeira vez, calou todos com um drible inesperado e um chute certeiro no ângulo.
A partir dali, ela nunca mais parou.
Primeiras Vitórias Fora do Campo
Aos 12 anos, Ana finalmente encontrou um time feminino na cidade vizinha. Treinos duas vezes por semana, viagens em ônibus antigos e gramados que mais pareciam pastos. Mas era o paraíso para ela. “É aqui que eu vou crescer”, dizia a si mesma todas as vezes que amarrava as chuteiras.
Naquele time, Ana aprendeu que o futebol feminino não é feito apenas de gols e vitórias. É feito de resistência. Aprendeu a lidar com a falta de patrocínio, com o preconceito dos pais de colegas que diziam que “futebol era coisa de homem”, e com a imprensa local que ignorava seus campeonatos.
Mesmo assim, Ana continuava. E o time também.
Quando o Mundo Começou a Ouvir
Foi em 2019, durante a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que Ana viu algo mudar. Pela primeira vez, ela sentiu que o mundo estava ouvindo. O estádio lotado na França, as transmissões ao vivo, os debates nas redes sociais. Meninas como ela aparecendo nos jornais, nos comerciais, nos murais das escolas.
Aquela edição do torneio foi um divisor de águas. O mundo inteiro viu que o futebol feminino era emocionante, técnico, vibrante. Mais importante: legítimo. Para Ana, cada partida era uma motivação a mais. “Se elas chegaram lá, eu também posso.”
Mas ainda havia um longo caminho pela frente.
Os Bastidores de Um Sonho
Aos 17 anos, Ana teve a chance de disputar uma seletiva para um clube da capital. A viagem foi longa. Ela e a mãe acordaram às quatro da manhã e pegaram três ônibus. Quando chegaram, a fila de meninas era enorme. Todas com o mesmo sonho: ser jogadora profissional.
Durante o teste, Ana se destacou. Jogou como se sua vida dependesse daquilo e, de certa forma, dependia. Driblou, passou, marcou gols. Saiu exausta, mas com o coração em chamas.
Dois dias depois, recebeu a ligação: estava convocada para a equipe de base do clube. Começaria a treinar já na semana seguinte.
Lágrimas, Lutas e Conquistas
Nos dois anos seguintes, Ana viveu uma montanha-russa. Lesões, saudade de casa, cobranças, pouco salário. Mas também viveu o profissionalismo. Sentiu o peso de vestir a camisa de um time grande, fez amizades para a vida inteira e começou a ganhar visibilidade.

Em 2023, foi promovida ao elenco principal. Estreou em um jogo transmitido pela TV, marcou um gol e dedicou a vitória à mãe, que vendia salgados para completar a renda e ajudar com as passagens.
A história de Ana virou reportagem. Sua trajetória inspirava outras meninas. O clube fez uma campanha com seu rosto estampado no mural do centro de treinamento. “Essa menina representa o nosso futuro”, dizia o técnico.
Muito Além das Quatro Linhas
Ana entendeu, então, que o futebol feminino é mais do que um esporte. É uma bandeira. Começou a visitar escolas para falar com meninas sobre autoestima, sonhos e igualdade. Abriu um canal nas redes sociais onde mostrava os bastidores da vida de uma atleta. Falava de treinos, dores, mas também de vitórias e conquistas que iam além dos gramados.
“Não é só sobre jogar futebol. É sobre ter voz, ter espaço, ser ouvida. É sobre saber que você pode.”
E o Futuro?
Hoje, Ana tem 22 anos. Disputou sua primeira Libertadores, foi convocada para a seleção de base e assinou com uma marca esportiva que começou a investir em uniformes específicos para mulheres.
Mas ela não esquece o chão de terra batida onde tudo começou. Toda vez que volta à cidade natal, visita a escola pública onde estudou e leva bolas e coletes para as meninas que, como ela, sonham em jogar.
O campo onde ela jogava com os meninos agora tem um time feminino. E tem traves de verdade.
Conclusão: O Futuro é Promissor para o Futebol Feminino
O cenário global do futebol feminino é mais animador do que nunca. Países com diferentes contextos e histórias estão criando caminhos próprios para fazer a modalidade crescer de forma sustentável, competitiva e igualitária.
Seja por meio de investimentos pesados, programas educacionais, políticas de inclusão ou iniciativas das próprias atletas, o futebol feminino está alcançando novos patamares. Esses 10 países são exemplos claros de que, quando há vontade e organização, é possível transformar o esporte em uma ferramenta poderosa de mudança social e representatividade.
A jornada de fortalecimento do futebol feminino não é apenas um fenômeno esportivo, é também uma transformação cultural e social. O crescimento da modalidade em diversos países demonstra que, quando há vontade política, investimento consistente, respeito às atletas e envolvimento da sociedade, o progresso é não só possível como inevitável.
Os 10 países destacados neste artigo representam diferentes estágios dessa evolução, mas todos têm em comum o compromisso com a valorização do futebol praticado por mulheres. Enquanto uns já colhem os frutos de décadas de planejamento, como os Estados Unidos e o Japão, outros, como Brasil e Argentina, começam a trilhar com mais firmeza um caminho promissor, impulsionados por conquistas recentes e pelo clamor popular por igualdade no esporte.
Esse movimento global também desafia velhas estruturas e estimula o surgimento de novas lideranças femininas dentro e fora das quatro linhas. Técnicas, dirigentes, árbitras, jornalistas e torcedoras vêm conquistando voz e espaço, contribuindo para um ambiente mais plural, diverso e justo.
A ascensão do futebol feminino também aponta para uma nova lógica de mercado. As marcas, federações, mídias e patrocinadores que hoje apoiam a modalidade estão não apenas ajudando a construir um futuro melhor, mas também se posicionando ao lado de valores como inclusão, representatividade e respeito. E isso faz diferença nos países em todos os níveis, do social ao econômico, do local ao global.
Portanto, em países onde o futebol feminino hoje é um símbolo de resistência, superação e talento, amanhã ele será, sem dúvida, uma das forças mais vibrantes do esporte mundial. E ao observar esses países em ascensão, vemos que o futuro já começou, e ele tem nome, tem cor, tem camisa e tem história sendo escrita por mulheres que não aceitaram ficar à margem.